sexta-feira, 28 de maio de 2021

Povo pelo Povo

Apesar de algumas visões atrasadas,

de algumas frases infundadas,

abraçar o imobilismo é abraçar a morte do povo


‘’Fique em casa’’,

bradam os humanistas de ocasião

Não pensam nos que não tem casa,

nos que não tem luz,

nos que não tem pão,

nos que não tem chão

Eles ignoram que o trabalho pesado não parou,

o BRT entupido também não,

O preço da carne só aumentou,

as mortes na favela e no campo também


O golpe militar, está na esquina

Militares e o nefando estão disputando,

quem vai consumar

Os humanistas de ocasião não ligam:

‘’vamos esperar a CPI’’

CPI dos espoliadores do povo,

que promete punir outros espoliadores do povo,

A rua sabe que o caminho não é esse


Há quem queira pular carnaval em cima dos corpos vitimados,

tem quem prefira micareta à luta contra o velho Estado,

(ou então um twittaço radical)

Mas o povo é quem morre,

é o povo que se defende,

e é o povo que sairá vitorioso da luta


A rua está voltando a falar mais alto, 

em breve o fogo vai tomar conta,

e os ratos covardes irão se esconder

(ainda mais) 


São Gonçalo, 2021


sábado, 8 de maio de 2021

Como esquecer?

Como esquecer? 

Se tudo está tão recente,

se quando fecho os olhos ainda lembro do último dia

lembro de você olhando no fundo dos meus olhos,

do único momento da minha vida que tive a certeza que alguém gostava de mim


Como esquecer?

Se ainda me pego querendo você,

se ainda sinto o desejo de amar você,

de beijar você,

de estar com você


Como esquecer?

Se ainda nos damos tão bem,

se ainda em alguns momento sinto que existe,

que existe algo dentro de ti


Como esquecer?

Se ainda não parece que acabou,

se ainda sinto essa dor,

essa dor que insiste em não passar


Como esquecer?

Como esquecer os olhares, os sorrisos?

Como esquecer as conversas, as brincadeiras?

Como esquecer nossa ligação, nossa intimidade?

Como esquecer o azul?

Como esquecer aqueles dias?

Como esquecer você? 


São Gonçalo, 2021