Estava aqui matando tempo, olhando para a Guanabara em uma manhã cinza, sentindo o cheiro fétido da porca cidade sorriso. Ocorreu-me que já fazem semanas que tento, mas não consigo escrever sobre o atual momento, as palavras tem assustado. O drama é algo muito próprio dos escritores, felizmente não sou escritor.
A ansiedade feroz, aquela que consome tudo, essa quando tem seus motivos, se instala e não deixa mais nada prosperar.
Sonhar não é de todo ruim. Ainda mais quando o sonho é justo, quando podemos especular com o irreal. Porém sonhar com o impossível tem seu preço e não sei se consigo pagar.
Tenho um sonho. Um que morpheus esculpiu de suas areias com uma imponência e ferocidade que me encanta. Um sonho belo como o nascer do sol no verão, como a vista da lagoa de Itaipu.
Já faz anos que essas areias presenciam um vai e vem, idas e vindas, brigas e decisões erradas. Causa-me tristeza profunda ter sentido tantas vezes que faltava pouco, causa-me tristeza perceber que talvez esse sonho só não seja pra mim. Queria ter esperança que as coisas pudessem ser diferentes, mas não tenho.
Tem dias que é insuportável, dias em que a ansiedade toma conta. Tenho uma queda pelo impossível e ela é somente um sonho em minha vida, um daqueles que nos derrubam lágrimas pela manhã, que nunca irão se tornar reais
São Gonçalo, 2023