terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Em Memória de Brumadinho

 Um estalo e de repente, a onda veio

Uma onda espessa e marrom,

que levou vidas, 

que levou sonhos 


Os porcos não se importam

A ordem e progresso para eles,

pode ser soterrar pessoas vivas,

pode ser matar sem nem mesmo permitir gritos,

ou pedidos de socorro 


A Vale do Rio Doce,

a Vale da Morte,

dos assassinatos

Acha que tudo está acabado,

que o assunto está finalizado 

Mas a lama não evapora no vento,

ela depois de seca,

endurece como rocha


As massas se lembram de Brumadinho,

de Mariana 

Os mortos da Vale Assassina, 

Irão ser vingados 


  • São Gonçalo, 2022


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Dias de Atlas

 Tento levantar,

mas meus dedos não respondem,

Ainda não consigo superar que já amanheceu

o despertador já tocou,

o desespero já tomou conta,

Vai tudo começar mais uma vez,

e o matadouro está batendo a porta


Não descansei mais uma vez,

as lágrimas que secaram de ontem,

estão caindo novamente

Tento me conformar que vai começar de novo,

mas tudo que consigo é vomitar mais uma vez


Ainda não são 8 da manhã,

e o calor escaldante já começa a tortura,

berrar infelizmente não é uma opção 


De passo em passo, 

luto contra essa vontade enorme,

de me entregar ao fim 


Os minutos passam, 

mas a dor não

Não consigo parar de pensar, 

não consigo pensar, 

só quero não pensar

São tantas besteiras, 

é tanta raiva,

frustração 


As horas passam, como se fossem dias

Vivo no meio de surdos falantes,

e de falantes surdos 

A tristeza só aumenta conforme a meia-noite chega,

a solidão invade e da suas mãos com a ansiedade,

Tento desmaiar, mas tudo que consigo,

é me desesperar ao lembrar,

Que amanhã tudo se repetirá 


São Gonçalo, 2022


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Um Poema Para Você

 Já faz anos que escrevo


Escrevi para tantas pessoas,

sobre tantas coisas,

com palavras bonitas e tristes,

mas até hoje não sei como iniciar um poema,

até hoje não sei escrever em versos 


Tento começar do começo, 

mas não consigo esquecer o fim,

não sei segurar essa vontade de dizer na primeira frase,

Que amo você 


Penso em tantas metáforas

Sobre flores,

estrelas,

até mesmo jardins e oceanos

Mas com você é diferente,

pois nunca sei por que escrevo,

e em alguns dias nem sei pra quem escrevo


Tem dias que você é a vilã, 

a que me despedaça,  

fria como o ártico

Em outros momentos é como se fosse meu porto seguro,

Com uma leveza e carinho que só você me dá


Eu não sei como começar poemas, 

mas sei como terminam 

Terminam naqueles dias,

que olho para você e fica evidente,

evidente que amo você 


Niterói, 2021