quinta-feira, 2 de maio de 2024

As Borboletas

 Dizem que as borboletas são sinais de mudança e de todas as crendices populares é uma das que mais gosto. Pois as borboletas são graciosas, alegres: verdadeiras alegorias de como a vida é curta e que todo dia é dia de viver. 

Tem sido um tempo de borboletas, mesmo sem eu ter visto alguma e confesso uma das coisas que descobri recentemente, é que tenho medo de borboletas. São tantas lutas travadas (e vencidas?) que acaba sendo difícil comemorar, difícil saber a hora que podemos respirar fundo e somente olhar o horizonte de forma calma e pausada, sem desespero ou receio. De peito aberto ao vento, esperando a vida acontecer. 

Viver deste lado da cerca é lutar a todo momento e o que podemos fazer em meio às tormentas que mudam tudo de lugar, é entender sempre em qual lado estão as borboletas e não ter medo de voar em meio a elas. Abrir o peito para o novo, com paixão e tesão pelo frescor da alvorada. 

São Gonçalo, 2024 


Um Dia Normal

 O sabor de ter um dia normal é como se deleitar em uma sintonia tão robusta de paz, de adentrar um ritmo tão leve que evoca os sentimentos mais ínfimos e pequenos. Aquele momento em que podemos fechar os olhos e bocejar bem fundo, sem medo do julgamento, sem qualquer peso. 

Tem dias que o complicado nos atormenta tanto, que o simples parece o que temos mais de precioso. Queria escrever hoje sobre um dia normal, um dia bom, daqueles que a gente lembra no calendário e que não aconteceu absolutamente nada grandioso ou planejado, que o que aconteceu foi simplesmente a vida caminhando em um caminho bem conhecido e até de certo modo clichê, mas que de fato foi um dia de olhar para dentro e poder respirar o mais profundamente possível e dizer:

 “Hoje não fui a história triste de sempre”. 

São Gonçalo, 2024