sábado, 27 de março de 2021

Tempos de Enganação

Meu coração está machucado,

Não há outra forma de escrever 


A verdade é universal, 

e é verdade, estou despedaçado 


A inocência é uma doença,

e estive doente


Estou em apuros, 

fui assaltado,

levaram até minhas lágrimas


Me sinto desorientado

Você foi embora,

e me deixou ainda mais solitário


São Gonçalo, 2021


O Gragoatá

 O barulho das ondas de Gragoatá,

É o barulho dos meus pedidos de socorro,

em todos aqueles dias estranhos de infância 

Entre tantas fugas, 

Só perceberam uma 


O cheiro de Gragoatá,

é o cheiro das minhas lágrimas de adolescente,

o cheiro de todo pânico,

e desespero juvenil 

Fui despedaçado tantas vezes, 

que realmente não sei como passei dos dezoito 


A brisa do Gragoatá,

é a brisa da vida adulta,

a brisa da tristeza em não ser nada,

a brisa da pressão social

Me disseram que as coisas mudariam,

mas a dor não mudou,

e as mentiras tem doído ainda mais 


Quando eu era moleque e fugia para Gragoatá,

Não existia nada mais lindo,

Outro lugar para estar 

E ainda não existe,

Pois o calçadão de Gragoatá,

É o calçadão de todas as dores da minha vida 


Niterói, 2021

Medo do Oceano

 Ainda tenho medo da Ponte Rio-Niterói

O vão-central é tão alto,

os aviões sempre perto e a água,

parece fria todas as vezes

Fria como essas noites

Tenho pensando nas mentiras todas os dias,

Porque tem palavras que o vento não leva,

Palavras que rasgam,

que insistem em fazer eco


Também tenho medo do túnel, 

da Roberto Silveira,

da Francisco Nunes da Cruz 

Niterói depois da São Lourenço,

é só assombro, é só solidão, só opressão

Todas as vezes que fecho os olhos,

é a bicicleta que escuto implorando,

pedindo para que eu chegue logo,

Mas nunca chegarei a tempo


Pois ainda tenho medo de descer o Cantagalo,

tenho medo de me desorientar no Cafubá,

de encontrar o caminho do mar,

e nunca mais voltar 


São Gonçalo, 2021