As ondas tem sido grandes,
E o meu barquinho de papel,
tão pequeno,
pode não suportar
A tempestade voraz,
amedronta
Pois meu barquinho de papel,
tão frágil,
Está prestes a naufragar
São Gonçalo, 2020
As ondas tem sido grandes,
E o meu barquinho de papel,
tão pequeno,
pode não suportar
A tempestade voraz,
amedronta
Pois meu barquinho de papel,
tão frágil,
Está prestes a naufragar
São Gonçalo, 2020
Tenho me perdido no aroma de uma flôr, tenho sido fraco novamente, tenho visto os mesmos erros acontecerem novamente dentro de meu âmago.
Hoje peguei-me escrevendo aqueles versos novamente, versos para flores de primavera, versos para flores que de tão distantes, parecem metafísicas. São tantos poemas falsos que já escrevi, tantas mentiras escritas sobre encantos totalmente efêmeros que estou cansado de gastar frases bonitas com tão pouco. Mas estou aqui novamente, estou aqui novamente escrevendo sobre metafísica e não sei, não sei controlar.
Pois apaixonado sou pelas frases bonitas, apaixonado sou por me apaixonar pelo que há de mais bonito no mundo.
E como sou triste, triste sou por viver perdido nas flores metafísicas de primavera.
- São Gonçalo, 2020
Tem sempre um tempo que poucas coisas fazem sentido
Aqueles momentos que fechamos os olhos,
E tentamos entender a ebulição
Mas tudo que acontece é confuso,
E angustiante
Deitado no travesseiro embaixo das estrelas,
Os fantasmas tentam nos levar para além da baía
A ansiedade prepara o barco,
E não embarcar é para os fortes
A tristeza é produto da incerteza,
As lágrimas,
O coágulo da melancolia
Tem sempre um tempo que poucas coisas fazem sentido
Aqueles momentos que fechamos os olhos,
E nos perdemos na imensidão da nossa mente
São Gonçalo, 2020
Escrevo muito intimamente, não consigo escrever crônicas. Tento de novo nessa, porque diante de tanta perversão e caos, não seria honesto escrever um poema de versos suaves e escritos calmos. Foi um relance que mudou as coisas, um olhar que desmobilizou completamente qualquer senso moral, uma ensandecida tempestade que se abateu em meu coração e me jogou a frente.
Era difícil disfarçar, até que tudo explodiu. A onda não bateu só em mim, mas é fato que sou louco e os loucos quase nunca tem razão. A onda bateu e levou, levou todas as prevenções da minha mente, o vento levou às últimas barreiras de sanidade e quando percebi já era tarde. Aquele sorriso. De gargalhada em gargalhada me aproximava mais do fim e tudo, tudo parecia estar muito distante. Até que, olhando o teto percebi: o mundo ainda é o mesmo, e o louco ainda sou eu. A realidade não pode ser enganada, não pode ser dobrada e a vida não é um sonho de primavera.
Minhas horas douradas, se esvaíram e a realidade tomou conta novamente.
Não sou bom com crônicas, elas escapam do meu controle de maneira tão rápida, eu não as compreendo, eu não sou suficientemente bom para acompanhar o ritmo das letras e frases, sou ainda um menino com medo de escrever.
São Gonçalo, 2020