sábado, 20 de junho de 2020

Firpo, O Abacate

Existia lá na copa do abacateiro uma comunidade, uma comunidade de abacates. Abacates comuns, trabalhadores que viviam de verão em verão tentando sobreviver de acordo com as mudanças do vento, dia a dia tentando permanecer imóvel mesmo com todos os balanços dos galhos. 
Até que dia ocorreu um reboliço, que tomou conta da comunidade, tanto movimento que a árvore balançava mesmo sem vento. Em meio ao frenesi de um novo verão que estava prestes a começar, Firpo olhava fixamente para o chão tentando aceitar que talvez sua vida não fosse o que ele queria de fato, mas algo nele o fazia pensar que tudo estava próximo de mudar. 

- Dora, você sabe o que está acontecendo?
- Como assim, você não soube da notícia? Estão preparando um novo plano para assassinar nossos colonizadores
- Mas o que eles fizeram? Nem mesmo cortaram nossos galhos ainda?
- Firpo, você está louco das ideia. ELES EXISTEM! Podem nos destruir a qualquer momento. Você realmente acha que da para confiar?
- Não sabemos nada, o que será aquele azul lá no fundo? O que será aquele azul aqui em cima? Por que eles não falam nossa língua? Será mesmo que nos odeiam? Ninguém sabe Dora. Não sabemos, não sabemos nada. Isso não te perturba?
- Desculpe Firpo, mas não preciso de nada além dessa seiva. E é esta seiva que está ameaçada por esses bárbaros. 

A noite caiu como também caiu as velhas e secas folhagens que ainda insistiam em se agarrar a temporada que tinha acabado no dia anterior, a lua já tomava seu lugar lá no alto e Firpo só conseguia pensar em como ele não conhecia nada no mundo.Na copa do corpo verde o Rei Abat II maquinava seus planos de dominação e planejava passo a passo, no fundo ele sabia bem que um ataque direto não surtiria efeito seu pai, Cate IV, já tentou de maneira fracassada o fim dos cabelo preto que moram embaixo da morada dos abacate:

- Meu pai era um grande homem, mas não tinha o culhão necessário para finalizar o serviço, só tem uma forma de matar um cabelo preto.
- E qual seria vossa majestade? 
- Ah meu caro Tim, uma missão suicída. E quero que você me faça um favor

O dia amanheceu e um cartaz no meio da praça estava colocado com os seguintes escritos ‘’Se você quer conhecer o mundo, coloque aqui seu nome e diga o motivo, as melhores respostas ganharam o direito de viajar’’. Firpo estava andando junto com Dora pelo centro e ao se deparar com a multidão ficou se perguntando do motivo, do porquê estava instaurada tal confusão.

- Firpo estão recrutando pessoas para irem nas novas excursões, seu sonho não é esse? Por que não tenta se inscrever?
- E como eu responderia a essa pergunta?
- Não sei, só saberá se você escrever

Foi então que Firpo pegou o lápis e tentou escrever, tentou mostrar o que tinha em seu coração:
‘’Teve um dia em que olhei para dentro de mim e perguntei: O que eu sou? Eu sou uma fruta, um abacate. Abacates são frutas originárias da mata atlântica, vivem em árvores angiospermas com copas altas e folhas largas. Abacates nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Eu sei o que é um abacate, mas não sei quem sou. Eu sei de onde abacates são, mas não sei de onde sou. Eu sei que abacates nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Mas não sei se nasci, não sei se cresci, não sei se irei ter filhos, mas sei que morrerei. Pois a morte é a única certeza que todos temos, é o que nos mantém vivos. O medo da morte iminente me faz querer ver o mundo, me faz querer entender e viver o que sou. O que sou de verdade, além do meu imenso vazio.’’

- Dora, vamos, já acabei.

Enquanto Firpo estava a caminho de casa, o Rei já recolhendo as cartas junto a seu serviçal, logo após bater de cara com a carta de Firpo, já sabia, é ele. Foi então que Abat o chamou a seu castelo e lhe fez a proposta

- A vida é um mar de possibilidades mesmo, em um momento você é um abacate do mato e em outro você está de frente com o seu Rei lhe dando uma missão
- E o que seria essa vossa majestade? 
- Você quer conhecer o mundo e preciso que alguém me traga boas novas do mundo exterior, você está disposto? 
- Eu só quero conhecer o mundo senhor, eu aceito

Os dias passaram e Firpo pode se despedir de Dora, escreveu cartas para seus sobrinhos, limpou sua casa pela última vez. Quando enfim chegou o dia, os propulsores foram instalados em seu corpo. Ele olhou nos olhos de Abat e percebeu um prazer estranho nos olhos de seu soberano, mas naquela altura o caminho de volta para casa não poderia ser preenchido mais uma vez. 
Quando ele começou a cair, a zarpar em busca do novo mundo, o calor e a vulgaridade de seus pensamentos atingiram seu coração de uma forma tão forte que uma explosão de felicidade o acometeu. Sorrindo ele viu um novo horizonte amanhecer, sorrindo ele se viu pisando em cabelos pretos. Firpo percebeu a morte chegando, mas também percebeu que nunca antes tinha se sentido tão vivo, procurou a vida toda um significado e o encontrou justamente na hora de sua morte. De repente o medo da morte iminente havia passado e isso de certa forma o libertou, Firpo estava agora feliz e não poderia pensar em mais nada.
Ele pulou para salvar seu povo, para adentrar novos horizontes e conhecer novos dias, ele pulou para achar sua essência e somente encontrou sua morte. A sua, a de um cabelo preto que ele não conhecia, não sabia falar sua língua e que teve sua vida ceifada naquele momento. O fim, um momento que é esperado, mas nem sempre almejado, mas no fundo todos sabemos que uma hora ele irá chegar.

Por J.P Goulart

segunda-feira, 15 de junho de 2020

ás Lágrimas

Joguei-me às lágrimas
Às lágrimas de saudade,
E de felicidade
Às lágrimas de angústia,
E de desesperança

Queria tanto amar novamente,
Sentir esse sentimento na pele novamente
Pois agora isso parece distante,
Parece agora, uma lembrança desgastada

Não tenho mais esperanças,
O mundo ficou cinza,
Estou abandonado, 
E o meu coração está morto

São Gonçalo, 2020

Minha Utopia

Minha utopia,
Você é a minha utopia
Meu sonho impossível,
Minha República Platônica

Sonhar com seu beijo é o meu destino,
Amar-te, aqui da margem, 
É o que me resta

Desejo-te tantos nesses dias sombrios,
Quero-lhe tanto aqui em meu lado
E isso está tão na cara,
Que meu coração quase salta,
Toda vez que escuto tua voz 

Você é minha utopia 
Minha República Platônica
Meu sonho impossível 

São Gonçalo, 2020

Me Maltratar

As vezes choro ao pensar na vida
Choro porque as lágrimas são livres,
Porque a dor se esvai por meio delas

As vezes penso em suicídio,
Pois os velhos dias são velhos,
E os novos dias são ainda mais tristes
As vezes eu queria viajar,
Quem nunca ouviu falar das montanhas?
Ou então das praias debruçadas ao além mar

No fundo,
Eu queria mesmo era poder flutuar,
Planar,
Além das nuvens
Talvez assim a minha mente saltasse,
Sem me maltratar

São Gonçalo, 2018

Na Penumbra

Tenho me pegado pensando em trevas,
Tenho me sentido perdido em meio a penumbra
Em meio a incertezas apavorantes,
Minha mente clama por paz

Tenho me sentido sufocado,
Aprisionado 
Parece que estão a espreita,
Escutando meus passos,
Acessando meus pensamentos
E não sei, 
Não sei o que fazer 

Tenho sentido tanta tristeza,
Tanta raiva
Que no fundo nem sei bem do que
Sinto que estou sem rumo,
O que pensar?
O que sentir?
O que fazer?

São Gonçalo, 2020

O Abrir de Portas

Só queria sonhar
Sonhar com o abrir das portas, 
Com o final de um dia de semana
Não entendo o motivo,
Mas talvez ver minha cidade faça falta

Pegar a bicicleta e pedalar,
Seria como flutuar de felicidade 
Poder sair e gritar,
Gritar o quão porco é o sistema,
Quão opressor é o capital
Esbravejar e lutar contra os demandos,
Unir, gritar e protestar

Nesse momento,
Eu só queria o abrir das portas,
O lutar e esbravejar na rua,
O pedalar e o flutuar

São Gonçalo, 2020

Penso, Logo, Resisto

"Penso logo existo", foi Descartes quem disse isso. Será mesmo que ele precisou pensar para existir ou a nossa existência, que nos faz pensar o motivo de vosso próprio destino? Não sei se acredito em destino, mas na leitura acredito. Acredito que entre as linhas e frases, há mesmo um certo tipo de libertação. A libertação de entender, que livros não tem respostas, mas sim perguntas. As perguntas que só a estrada pode satisfazer e o mundo moldar.

Descartes não conhecia o Rio de Janeiro, não sabia que pensar, não é existir, pois existir aqui é sobreviver as balas perdidas. Existir aqui é fugir das prisões do capital, é driblar essa elite nojenta e explorar. Explorar as maravilhas da cidade maravilhosa, explorar a selvageria de suas esquinas e botequins. Explorar e viver no ritmo do samba, pulando no mar, nadando nos rios, babando aos relevos e vivendo no mato. Cerrando os punhos, trincando os dentes e resistindo a PM nojenta que representa o velho Estado brasileiro. 

Existir no Rio é ser sobrevivente, ser sobrevivente no Rio, é ser livre.

São Gonçalo, 2020

Tanta Procura

Tanta procura
Tantas manhãs correndo atrás
E para que?

Hoje andei pela calçada,
Fechei meus olhos, 
E os pequenos raios de sol me tocaram
Havia tantas nuvens,
Estava tão frio,
Tive medo

Tenho andado com medo,
E tudo vem parando a míngua 
"Carpe Diem",
O Brasil tá acabando

São Gonçalo, 2020

Os Sentimentos

A complexidade é terna,
Sóbria e vulgar  
Entretanto a simplicidade é atroz,
Grossa e fria

A paz é complexa,
Pois cosmopolita é a sua essência,
E complicada é a sensação,
De uma vida de paz 

Tristeza é simples,
Porque chorar é fácil,
E viver na frustração consequência

Amar é complicado,
Pois amar é filosofar,
Filosofar é pensar,
E pensar é difícil 

Rio de Janeiro, 2019

Quando Fiz 10

Quando fiz 10 anos,
Eu não tinha medo do escuro
Quando fiz 10 anos,
Eu tinha medo da escola

Era um tempo diferente,
era um tempo que sorrir ainda era fácil
Tempestade após tempestade,
eu ainda achava que podia mudar o mundo

As tardes de fim de semana,
eram as tardes no quarto da minha avó,
No meu mundo dos ônibus
eu era sozinho, mas o que é solidão?
Não sabia

O amor estava lá,
a mágoa e o remorso não existiam 
Ainda era fácil acreditar no sangue,
ainda era fácil verbalizar ‘’eu te amo’’ a estranhos

Quando fiz 10 anos, achava que podia mudar o mundo. Fiz 20 e foi o mundo que mudou comigo.

São Gonçalo, 2020

Para Onde?

Como se animar?
Como não se desesperar?
São tantas notícias ruins,
São tantas lágrimas que tem caído

Hoje o dia estava azul,
Profundamente azul
Por algum momento,
Parecia que tudo tinha passado
E por um só momento,
Pude sentir a esperança banhar-me

Mas agora estou aqui,
Sinto-me nas sombras novamente
Parece que existe um tampão,
Algo na garganta
Tenho vontade de vomitar,
E não posso gritar
Tenho vontade de xingar,
Mas não consigo me libertar

Depois de dois minutos de reflexão,
Tudo fica triste na quarentena,
Tudo parece ter um borrão
A melancolia tem assustado
E em meu coração,
Só me pergunto,
Para onde vamos desta vez?

São Gonçalo, 2020

O Inverno

E então,
Já sinto o inverno
O frio caracteriza,
O céu profundamente azul ilumina,
Os belos fim de dias exaltam
Estamos pela estação das brumas

Os dias já são menores,
As noites tem perdurado por tempo demais,
E o vento já bate gélido nas manhãs
Estamos em cima de um lago congelado,
Que a qualquer momento pode se partir

As coisas tem ficado estranhas,
Paradas e ao mesmo tempo imparáveis
Tem dias que nada mais faz sentido,
Que tudo parece melancólico,
Estamos em meio ao pandemônio

É
Já sinto o inverno,
Sinto frio,
Sinto medo,
Sinto as noites sem fim dentro de mim,
Sinto os ventos gélidos das manhãs,
E o melancólico azul profundo do céu

São Gonçalo, 2020.

O Sangue Estará em Suas Mãos

Acordei hoje, como acordei ontem
Acordei ontem, como acordei semana passada
Os dias estão passando apertados 
O desespero tá batendo,
E a tristeza acabou com sua trégua
Tenho medo,
E raiva 

Raiva de me sentir inútil,
Raiva de me sentir incapaz,
Raiva de sentir na pele os efeitos do sistema,
De me sentir um estranho em meu ‘’lar’’

Tenho medo pela minha cidade,
Pelos meus iguais,
Pela minha sanidade

É uma questão de tempo
O sangue estará nas mãos dos liberais,
Estará nas mãos dos que apertaram 17,
Estará nas mãos do presidente da república
Se não for o Covid, 
Será o pós pandemia

E deus, será mesmo brasileiro?
Veremos em breve

São Gonçalo, 2020

O Escuro da Pandemia

No escuro da pandemia,
Morrem os silenciados,
Morrem os subnotificados
De tão invisíveis,
Morrem sem sangue
De tão descartáveis,
Morrem sem nem virar estatística,
Viram, na verdade,
Churrasco para o presidente

A carne do pobre,
Sempre vai ser fácil de ser grelhada 
A bandeira nacional é vermelha, 
Vermelha de sangue,
De sangue periférico

O sol é para todos
Morrer esperando uma UTI do SUS,
É para muitos
Morrer sem diagnóstico correto,
Para a maioria
Não surtar ante a necropolitica, 
É para poucos 

São Gonçalo, 2020

Os Filhos do Segundo Milênio

Somos os filhos do segundo milênio,
Os herdeiros do mundo em ebulição
Aqueles que sofrem com a rapidez do século XXI,
Com o mal do século, a depressão, 
A ansiedade por um novo mundo, 
Que cada vez mais se parece com o velho

Queremos ser feliz,
Mas temos tantas preocupações
Queremos viver na arte,
Mas o dinheiro sempre fala mais alto
Não queremos nos sentir sozinhos,
Mas tudo está tão longe

Somos egoístas?
Somos inseguros?
Somos insuficientes?
A juventude herdou um mundo doente,
Os herdeiros do segundo milênio foram jogados ao vento,
Estão largados na sarjeta 

São Gonçalo, 2020

sábado, 13 de junho de 2020

Lady Grinning Soul

Ela invadiu meus sonhos,
De um modo tão doce,
Que minhas sonecas poderiam durar mais
Ela invadiu minha arte
Agora as frases rabisco,
Sempre acabam falando sobre ela
Ela invadiu meus dias,
Até mesmo os dias de quarentena,
Tem passado rápido

O perigo ronda,
Ela é a arte da perdição
Tenho medo,
Ela está invadindo meu coração

Teve um dia que ela invadiu meu sonho,
Ela segurou minha mão,
Olhou no fundo dos meus olhos,
E disse,
‘’Não’’

São Gonçalo, 2020.

Linda Como a Revolução

Eu queria saber escrever como Vinicius de Morais, pois apesar das pitadas de machismo, ele sabia escrever muito bem sobre mulheres estonteantes como você. Tento pensar em algum coisa para colocar nesse texto, mas admito que só vem Marx à minha mente ou então Lênin e Engels. Talvez seja um prenúncio, de que a revolução pelas mãos do povo é ainda mais fácil que não me intimidar com tudo que você é. Pois além de ser livre e independente, mulher, tu és mais linda que os relevos Rio de Janeiro, mais bela que o céu azul do inverno, mais apaixonante que uma tarde de verão. Eu queria saber escrever bonito, pois até agora não consegui mensurar o tanto que você é especial nesse torpe e pobre texto. Queria te falar que, os homens são a escória do mundo e que dentro de tantas mazelas e tristezas do capitalismo, te encontrar foi uma das melhores coisas que poderiam acontecer. 

- São Gonçalo, 2019

Contos de Fadas

Está escrito em minha testa,
trincado no espelho,
nos refrões de Caetano:
Estou apaixonado por você
E apesar de amor ser uma invenção,
uma proposição filosófica,
um tiro no escuro,
infelizmente está doendo aqui dentro

Fechando os olhos e voando
Por dentro de minha imaginação,
em meus pensamentos,
estamos de mão dadas 
Há um gramado que não é mato,
e o oceano tocando o horizonte

Feche os olhos comigo,
pegue minha mão
Contos de fadas existem,
posso te provar
E eles sempre terminam nas estrelas

São Gonçalo, 2019

Brasileiro, dos Bosques ás Praias

Deitei nas rochas porque estava frio
Pisei bastante na lama e não afundei,
Hoje até me perdi no bosque,
Mas não me assustei 

É chegada a hora de amar,
É chegada a hora de lembrar
Amar as histórias que tive,
Lembrar de momentos lindos
Lindos como uma cascata,
Tão raivosa e forte,
Ela gosta de gritar
Gritar às maravilhas de ser brasileiro!
De poder subir em morros e ainda ver,
A natureza visceral

Lá no fim da ribanceira,
Há uma cobra sussurrado:
"Ei, lembre de mim"
A água,
O céu,
A mata, 
Essas coisas rimam com liberdade

São Gonçalo, 2019

As Baixadas

Subi as baixadas litorâneas querendo viver,
Querendo deixar para trás as planícies e seguir a altitude até poder ver o além-mar
Quando o cume se mostrou somente uma pequena rocha, 
Meu coração palpitou pois ali era o limite
E quem não tem medo do fim? 
Quem não fica receoso quando não tem mais para onde ir?

Em pé me coloquei, abri os braços e senti o vento. As árvores lá ao fundo, as casas como formigas e estava lá meu coração novamente tremendo. Fechando os olhos e com meu âmago palpitando, sem barreiras, somente o vento e um medo voraz que nos dá algum significado em meio a uma existência tão vazia e decadente.

Subi as baixadas em busca de vida, em busca do medo e do significado de toda uma existência

São Gonçalo, 2020

Uma Divindade

O corpo de uma mulher é o produto divino mais perfeito, pois suas geometrias beiram a beleza constante e vibrante dos salões dourados de valhala. As suas curvas livres formam uma arte do mais intenso despudor, da mais livre poesia lírica. E sendo desbravado o corpo feminino mostra seu fervor, mostra sua auto suficiência e expressa a cada toque, a cada movimento, que é a máquina divina mais perfeita. 
O perfeito produto de uma evolução de bilhões de anos, a evolução da beleza humana pela paixão da humanidade. Paixão de amar observar um quadro que poucos ousam mudar, que muitos querem tocar todavia, são incapazes de compreender. As mulheres são lindas pois são mais autênticas, são mais vivas, são lindas pois exalam o que o corpo masculino não tem: sinceridade.

Niterói, 2017