domingo, 6 de fevereiro de 2022

Patético

 Não escrevo pela literatura, ela nunca fez nada por mim. Já disse muitas vezes que para mim as frases são apenas um refúgio, são apenas a forma como consigo não explodir em meio às tantas coisas que se passam dentro da minha cabeça. Nunca prezei por poemas bonitos, nem crônicas bem escritas, nunca nem por um momento achei que qualquer um dos meus escritos não fossem absolutamente patéticos. Até porque, sempre que me olho no espelho é só isso que eu consigo sentir, por que eu olharia para minhas frases e enxergaria outra coisa? Não sou Fernando Pessoa, nunca nem quis ser, eu não consigo escrever mais do que meus olhos conseguem ver, não sou escritor, não sou artista. 

Eu não consigo nem sequer escrever inícios originais, são sempre os mesmos patéticos inícios e que sempre chegam nos mesmos patéticos finais, utilizando as mesmas patéticas palavras e eu nunca neguei, nunca neguei o quão patético são. Mas, aparentemente, ainda não ficou claro, ainda não ficou explícito o fato óbvio que não sou escritor, que não sou artista, que não escrevo minhas frases para agradar mas sim, para não surtar por ser uma pessoa patética


- São Gonçalo, 2022