Escrevo muito intimamente, não consigo escrever crônicas. Tento de novo nessa, porque diante de tanta perversão e caos, não seria honesto escrever um poema de versos suaves e escritos calmos. Foi um relance que mudou as coisas, um olhar que desmobilizou completamente qualquer senso moral, uma ensandecida tempestade que se abateu em meu coração e me jogou a frente.
Era difícil disfarçar, até que tudo explodiu. A onda não bateu só em mim, mas é fato que sou louco e os loucos quase nunca tem razão. A onda bateu e levou, levou todas as prevenções da minha mente, o vento levou às últimas barreiras de sanidade e quando percebi já era tarde. Aquele sorriso. De gargalhada em gargalhada me aproximava mais do fim e tudo, tudo parecia estar muito distante. Até que, olhando o teto percebi: o mundo ainda é o mesmo, e o louco ainda sou eu. A realidade não pode ser enganada, não pode ser dobrada e a vida não é um sonho de primavera.
Minhas horas douradas, se esvaíram e a realidade tomou conta novamente.
Não sou bom com crônicas, elas escapam do meu controle de maneira tão rápida, eu não as compreendo, eu não sou suficientemente bom para acompanhar o ritmo das letras e frases, sou ainda um menino com medo de escrever.
São Gonçalo, 2020
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