Para mim desde moleque a universidade pública sempre foi um sonho. Um sonho que em muitos momentos parecia simplesmente impossível de ser alcançado. Um sonho que quando de forma quase inacreditável aconteceu, não havia mais espaço em meu peito para tanta felicidade. No Brasil algumas coisas são tão inacessíveis, que para um pobre entrar em uma universidade pública muito suor, sangue e humilhações dos mais diversos tipos são necessários. Quando essas coisas passam e você consegue entrar, ai, ai é só felicidade.
(Que claro, dura exatos dois dias).
Desde os primeiros dias percebi de forma bem rápida que se manter na universidade pública dói ainda mais que tentar entrar. Pois as humilhações aumentam, o esforço duplica-se e a chamada ‘’intelectualidade’’ é um punhado de pessoas mesquinhas e idealistas, que só conseguem mesmo é cheirar os próprios rabos e passarem o dia se drogando em suas ilusões pequenas e niilistas de mundo. A falta de apoio, das bolsas, de identificação estão ali para aumentar ainda mais o empurrão que nos dão em direção à porta dos fundos da universidade.
E quando o momento chega, o momento de quase estar chutando o balde, precisamos lembrar que não estamos sozinhos. Tantos outros estudantes estão nesta mesma condição e precisamos estar juntos na luta por uma universidade pública que de fato tenha cara de povo e sirva ao mesmo. Só a luta muda tudo dentro dessa sociedade velha em que vivemos e não seria diferente na universidade também. Não adianta chorarmos sozinhos ou simplesmente abrirmos mão de algo que já tomou tanto de nós, é necessário a luta, é necessário nos apoiar em nossos iguais para vencermos mais essas batalhas que se impõem a nós.
Nenhum passo atrás.
São Gonçalo, 2022
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