Me perdoe Lima Barreto, pois tenho meus momentos de ufanismo. Tem dias que embalo-me pelos sorrisos no ritmo do samba e da luta, quando percebo, já estou sentindo uma satisfação genuína de pertencer ao povo brasileiro. Eu nasci no Rio de Janeiro e nunca fui ao Cristo Redentor, nunca vi de perto os lençóis maranhenses ou naveguei pelo Pantanal Matogrossense. A Amazônia é distante, assim como os Pampas e mesmo São Paulo, parece longe demais. Não conheço o meu país, somente o nosso povo, pois o Brasil do tupi, o vermelho como brasa, é comum a todos nós.
É uma loucura tão grande pensar na extensão absurda que se estende o nosso país, um verdadeiro mundo de variedades, culturas, histórias, que se encontram em algo comum: a luta. Apesar das falácias e mentiras repetidas tantas vezes, aqui nessa terra de norte a sul, se resiste desde de tempos que lá se vão. Desde as primeiras lutas de resistência indígena contra a invasão portuguesa, até às incontáveis revoltas camponesas durante a história desse país e as lutas contra a ditadura militar e esse velho Estado que tanto insiste em tentar nos massacrar.
Eles nunca irão conseguir. O nosso povo nunca vai desistir da luta.
Olhei em volta, em um dia tão trabalhoso quanto hoje, acabei me embalando pelos sorrisos, me contagiei pelas histórias, pela voracidade, pela luta de pessoas que nunca abaixam a cabeça e desculpe-me Lima, pensei: "Deus me livre não ser do Brasil".
Rio de Janeiro, 2023
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