Lembro como se fosse hoje o dia em que vi pela primeira vez uma edição de Sandman, foi no dia em que iniciei minha jornada no mundo das HQs. Tinha uma capa com um pássaro marron em um fundo escuro, me chamou a curiosidade e quando li o enunciado pensei ‘’isso é realmente algo que eu leria’’. É claro que os R$200 reais do preço de capa e as outras 4 edições eram uma barreira intransponível naquela época. Esse mês fazem 10 anos desse dia e desde aquela época foi sempre um verdadeiro objetivo conseguir ler essa obra transcendental, que só pela mítica já me atraiu, mesmo nunca tendo nem lido nada na minha vida aquela altura de meus 13 anos. Essa introdução pode ser que entregue um pouco, mas a minha reação ao anúncio do relançamento de Sandman pela Panini em um formato trimestral a um preço acessível, em razão do aniversário de 30 anos da saga, foi simplesmente indescritível.
É sempre bom ressaltar que a fama da obra prima de Neil Gaiman, lançada entre 1989 e 1996, às vezes pode provocar nas pessoas antes de lerem um sentimento de que há na trama grandes reviravoltas ou uma história absolutamente mirabolante, porém não, Sandman não é sobre isso. A história de Sandman é definitivamente um pano de fundo para todas as metáforas presentes na história, para as reflexões profundas que estão inseridas em seus quadros, para diálogos simples que se integram e constroem todo um ideário, uma constelação do que é o Sonhar e Sandman.
Os capítulos apesar de construírem passo a passo a mitologia e o desenvolvimento da jornada de Morpheus, possuem vida própria e buscam sempre ter um início, meio e fim próprios, sendo vários destes muito destacados, como temos ‘’Um Jogo de Você’’, ‘’Estação das Brumas’’, ‘’Entes Queridos’’ e tantos outros são parábolas maravilhosas de nossos sonhos mais íntimos, de como queríamos que a vida fosse diferente ou como as pessoas lutam para materializar seus sonhos no mundo real, mesmo que muitas vezes não sendo possível transformar em real de forma cabal. Nos provoca a refletir sobre nossa relação com as pessoas próximas a nós e também a nós mesmos, a pensar em como estamos vivendo e se mesmo estamos vivendo. O mais incrível é como Gaiman consegue transformar aspectos absolutamente míticos ou fantasiosos como fadas, deuses e até mesmo a personificação da morte em elementos muito palpáveis de nosso cotidiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário