quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Aquele Dia em Jaconé

Passei algum tempo pensando dentro deste ônibus e realmente aquela rua de chão batido, no meio do mato, é assustadoramente empolgante de ser percorrida. Me lembra da última vez que vim a Jaconé. A primeira fulga ninguém mais lembra, mas eu lembro. Eu estava até com os pés no chão, pois os chinelos já haviam sido perdidos. Naquela época o vermelhinho seria muito útil, pois tive que pedir um favor que nunca vou poder retribuir àquele motorista do RJ 108.038

Pode parecer um pouco específico esse início, mas as coisas foram mudando tanto, se modificando tanto, que na maior parte do tempo dói muito refletir sobre. 

Dizem muitas coisas sobre família. Uma delas é que sempre parece que tudo vai acabar, mas não acaba. Porém entrei nesse ônibus sentido um gosto tão amargo na boca, acho que dessa vez acabou de fato. E começou a acabar naquele dia em Jaconé, naquela primeira fulga. 

O pior de tudo é que ninguém disse adeus, mas todos deveriam. 

A nostalgia é vadia, mas o amor filia ordinário, e é por isso que não abro mão de tentar, de subir no E14, de adentrar as escuras ruas de barros no meio do mato, assustadoramente incríveis. Porque sinto falta de me sentir protegido, abrigado, sinto falta de sentir que ainda há uma família de fato. 

Saquarema, 2022 


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