Gostaria muito de escrever sobre esses tempos, mas faltam-me ideias. Faltam-me as ideias e faltam-me também as palavras, pois a felicidade às vezes é estranhamente inacreditável.
É um medo que consome sem muita explicação mas com muita justificação, que devora o fígado, mas principalmente o pulmão. Sou um homem do Pontal, lá o vento quando muda de direção é sinal de tempestade. Se bem que nessas tardes de outono, que parecem mais de verão, as nuvens simplesmente sumiram.
É um momento de deixar os velhos tempos para trás, de sentir na pele mais mudança, aceitar as gotas de suor e não temer todos os trovões dessa nova etapa, não temer nem mesmo os campos verdes tranquilos que se apresentam ao final da caminhada.
São Gonçalo, 2024